As Grandes Mulheres da História: Cordão Carolina Maria de Jesus

As Grandes Mulheres da História: Cordão Carolina Maria de Jesus

Cordão Carolina de Jesus

Olá queridas leitoras do Blog Delicata Semi Joias!

Dando continuidade à nossa série especial sobre as Grandes Mulheres da História, hoje fui encontrar inspiração em uma escritora que mudou sua vida e a visão de muitas pessoas simplesmente por escrever aquilo que para ela era a normalidade do dia a dia. Apresento a vocês: Carolina Maria de Jesus.

Quem foi Carolina Maria de Jesus?

Nascida em Sacramento, Minas Gerais, numa comunidade rural e filha de pais analfabetos, Carolina frequentou a escola tendo sido obrigada por sua mãe, quando um rico fazendeiro ofereceu cobrir os custos de sua educação. Rapidamente ela foi alfabetizada e desenvolveu grande gosto pela leitura. Porém, abandonou a escola quando completou o que hoje seria o equivalente ao segundo ano do ensino fundamental. Já adulta, viu sua mãe ser acusada injustamente de roubo e, ainda que inocentada depois, não foi fácil viver sob a sombra dessa prisão. Assim, em 1937, a morte da mãe fez com que Carolina decidisse abandonar tudo e “tentar a sorte” na cidade de São Paulo.

Vida em São Paulo e na favela do Canindé.

Chegando em São Paulo, Carolina passou a trabalhar na casa do médico Euryclides de Jesus Zerbini. Ali, lhe era permitido acesso à biblioteca, onde ela passava suas folgas viajando nos braços da leitura. Quando ela engravidou de seu primeiro filho, não pôde continuar trabalhando na casa e assim, buscou outra forma de sobreviver. Começou a catar papel, separando os melhores que encontrava para escrever e vendendo o restante para se sustentar. Foi também com os materiais recicláveis que recolhia que construiu sua casa na área onde se localizava a extinta Favela do Canindé, lugar que lhe possibilitou as experiências que relatava em um diário. Foi na favela que ela conheceu o jornalista Audálio Dantas. O mesmo tinha ido até o local para retratar a vida das pessoas, que eram tidas como moradores de rua que a prefeitura recolhia e designava para morarem ali. Mal sabia ele que ao encontrar Carolina, encontraria exatamente o que estava buscando: um relato completo da vida na favela, com todas as suas lutas e dores constantes do dia a dia. Ele ficou impressionado com o tesouro que tinha nas mãos, com a forma de se expressar de Carolina e com a realidade nua e crua que ela descrevia ali. Foi então que decidiu ajudá-la a publicar sua obra.

Quarto de Despejo – Diário de Uma Favelada.

Em 1960 foi publicado seu primeiro livro, o que mudou a vida de Carolina de uma forma que ela jamais poderia imaginar. Com o título de “Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada”, a obra inspirada em seus diários escritos entre 1955 e 1960, reúne textos que relatam a realidade da vida de uma mulher negra, mãe, solteira e moradora de favela. Textos que descrevem as dificuldades enfrentadas por uma catadora de papel que tem que se desdobrar de maneiras inimagináveis para sustentar os filhos (ela teve três), enfrentando a fome, o cansaço, os preconceitos. Fica claro em muitas passagens, que há vezes em que o desânimo toma conta, mas mesmo assim, Carolina não desiste. Abaixo podemos ver um trecho onde ela descreve o aniversário de sua filha, Vera Eunice:

“Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas o custo dos gêneros alimentícios nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente somos escravos do custo de vida. Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela calçar.”

A publicação foi um sucesso, tendo sua tiragem inicial de dez mil exemplares se esgotado em uma semana. Foi também traduzido e publicado em mai de 16 idiomas, foi sucesso de vendas também nos Estados Unidos. Logo após a publicação, Carolina teve que enfrentar a raiva dos vizinhos que a acusavam de ter exposto suas vidas no livro sem que eles tivessem autorizado. Dessa forma, com o dinheiro que ganhou com as vendas, mudou-se para Santana, bairro de classe média onde continuou escrevendo e publicou por conta própria o romance “Pedaços de Fome” e o livro “Provérbios”. Em 1969, tendo acumulado um om dinheiro, mudou-se para a Zona Sul da capital, em Parelheiros, ao pé de uma colina.  Era lá que ela esperava encontrar sossego e privacidade. O cenário da época lembrava muito o local onde passou sua infância e era próximo de boas escolas públicas, onde seus filhos poderiam ir de ônibus.

Vida Pessoal

Fonte: Google imagens

Carolina nunca se casou, pois não queria se submeter a nenhum homem. Seus três filhos foram frutos de três relacionamentos terminados por razões diferentes. O primeiro, com um marinheiro português que era muito ciumento e a abandonou grávida; o segundo com um comerciante espanhol que a traía e, como se já não bastasse tudo isso, o terceiro era um empresário brasileiro que a agredia. Desta forma ela registrou e criou João José, José Carlos e Vera Eunice sozinha sustentando-os com o dinheiro das vendas dos livros, coletando material reciclável, trabalhando como doméstica e lavadeira e dando aulas básicas de alfabetização em casa. Seus filhos logo se apegaram à leitura por sua influência e sua filha Vera Eunice se tornou professora.

Obras

Além dos livros já citados, foram também publicados de sua autoria “Diário de Bitta”, onde conta sobre recordações de sua infância e juventude; “Meu Estranho Diário”; “Antologia Pessoal”; “Onde Estaes Felicidade”, coletânea de textos originais organizada pelas pesquisadoras Rafaella Fernandez e Maria Nilda de Carvalho Motta e “Meu Sonho é Escrever – Contos Inéditos e outros escritos”.

Podemos encontrar também outros relatos de sua vida em obras de outros autores como “Cinderela Negra: A Saga de Carolina Maria de Jesus”, de José Carlos Meihy; “Carolina Maria de Jesus – uma Escritora Improvável”, de Joel Rufino dos Santos, entre outros.

A mais recente homenagem a esta mulher incrível foi na série Segunda Chamada da rede Globo, que se apresenta em uma escola pública – que leva o seu nome – onde toda a história da série se passa.

Homenagem Delicata – Cordão Carolina de Jesus.

Homenagem Delicata e homnageada

Mulher forte, corajosa e que não abriu mão da própria independência, é claro que ela faria parte da nossa pequena lista das Grandes Mulheres da História. Carolina Maria de Jesus é uma destas grandes mulheres que representam fielmente o espírito Delicata que consiste justamente na busca constante pelo autoempoderamento, independência e evolução.

Pensando sobre tudo o que ela – Carolina de Jesus – representou na sua época e representa ainda nos dias de hoje, é que nós da Delicata decidimos homenageá-la com o lançamento do Cordão Carolina de Jesus.  Com um design simples, contudo marcante e de muito bom gosto, esta é a semi-joia perfeita para as mulheres que sabem o que querem e vão à luta. Suas três cruzes vazadas e composta por cristais nos remetem às dificuldades e sacrifícios que Carolina de Jesus teve de vivenciar para criar e educar sozinha os seus três filhos. Sem desânimo e com muita garra e força de vontade, com certeza Carolina de Jesus é uma das provas de que com fé, estudo e dedicação a gente pode, sim, mudar o mundo.

Fontes: Wikipédia; Cultura Genial; Português, Seu Sítio da Língua Portuguesa

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